Máquina rotativa de Botelho Lacerda



34,7 x 12.6 x 35,5
Latão

 CAT. 1824 : H.I.74

Machina rotatoria, que se poem em movimento pela rotação dos vapores da agoa. Tem em cima um carrete, que communica com uma roda dentada, para mostrar o modo como se poderia aplicar a acção dos vapores, como força mechanica. Esta applicação é do Sr. C. B. de L. Lobo. Jornal de Coimbra. 

Num artigo publicado no Jornal de Coimbra, intitulado "Memória sobre o novo methodo de aplicar ao movimento da máquina a força de vapor d'água fervendo", que é a transcrição de uma Memória lida na sessão pública da Academia Real das Ciências de Lisboa, em 18 de Janeiro de 1805, o professor do Gabinete de Física Experimental, Doutor Botelho de Lacerda, apresenta uma proposta de aproveitamento mecânico da máquina a vapor. Neste artigo refere que a sua máquina constituiu um desenvolvimento do instrumento descrito no capítulo 27 do tomo II do livro de Musschenbroek intitulado Introductio ad Phylosophiam Naturalem. Segundo Musschenbroek, um cilindro de cobre, móvel em torno do seu eixo vertical, tendo dois tubos laterais na parte superior, com dois pequenos orifícios diametralmente opostos, podia ser posto em movimento de rotação se, no seu interior, fosse introduzida uma quantidade de água que ocupasse a terça parte da sua capacidade. O movimento iniciava-se quando a água, ao ser aquecida, entrava em ebulição, saindo uma parte do vapor pelos orifícios abertos nos tubos laterais do cilindro.

Esta demonstração era feita todos os anos por Botelho de Lacerda, no Gabinete de Física Experimental, durante as suas lições. Segundo este professor, esta demonstração, descrita no livro de Musschenbroek, não tinha outro fim a não ser entreter e divertir as pessoas presentes. Para o aproveitamento mecânico deste dispositivo, Botelho de Lacerda sugere a aplicação na parte superior do cilindro uma roda dentada, ou um parafuso sem-fim, que permitisse comunicar com qualquer outra máquina rotativa, conseguindo assim um movimento circular e contínuo por um processo simples e económico. Para isso adaptou à sua máquina uma roldana por onde passava um fio destinado a elevar um corpo. Este fio enrolava-se no eixo horizontal de rotação de uma roda dentada, a qual engrenava numa segunda roda que se movia solidariamente com o cilindro da máquina.

A elaboração de um modelo baseado no projecto desenvolvido por Botelho de Lacerda ficou a cargo de J. B. Haas, o autor do exemplar existente no Gabinete de Física. Nesta máquina podemos ler a seguinte inscrição: J. B. Haas, Lisboa.

Lobo, Constantino Antonio Botelho de Lacerda, "Memória sobre um novo modo de aplicar ao movimento das máquinas a força de vapor d'agua fervendo", Jornal de Coimbra, Lisboa, 1812, Vol. I, p. 255.


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