Marmita de Papin



45 x 18,7 x 26,3
Bronze, madeira e ferro

 INDEX 1788: O.V.269

Digestor Papini aeneus, cujus operculum crassis clauditur, et retinetur ferramentis, emolliendis corporibus serviens vaporum aquae rarefactorum ope, et ad hujusce Machinae usum. Clibanus ferreus cum craticula, et tripoide mobili, in quo ponuntur cabones accensi.

Digestor de Papin em bronze, cuja tampa é fechada e retida por espessas peças de ferro, que serve, depois de amolecidos os corpos com ajuda dos vapores de água rarefeitos, para uso da mesma máquina. Um forno de ferro com uma pequena grelha e uma trípode móvel, na qual se põem carvões acesos. 

Este instrumento consta de um cilindro de ferro, com duas pegas laterais de madeira, assente sobre uma base circular com o mesmo diâmetro. Esta base, que serve de fogareiro, é perfurada na sua parte superior e possui uma pequena porta frontal para a introdução do combustível. No interior do cilindro, e sobre a tampa superior do fogareiro, coloca-se um segundo cilindro, um pouco mais alto que o anterior, designado por marmita ou digestor de Papin. Este cilindro é feito de bronze, tendo as suas paredes cerca 3 cm de espessura. É hermeticamente fechado, através de uma tampa circular, também de bronze. Uma peça circular, munida de quatro parafusos verticais, permite comprimir fortemente a tampa do digestor contra o bordo superior do cilindro. Para isso, a tampa possui duas pegas laterais, onde encaixam duas barras de ferro. Estas barras passam também por duas pegas existentes na parede lateral do digestor. Todo o conjunto se apresenta muito robusto.

Este dispositivo permitia aquecer água, a temperaturas acima do seu ponto de ebulição à pressão atmosférica, conseguindo-se pressões consideravelmente elevadas no seu interior. Em 1680 Papin concebeu um modelo de digestor que permitia fazer mover um êmbolo no interior dum cilindro, como resultado da acção da pressão do vapor produzido pelo aquecimento da água.

Uma das utilidades do digestor, nas lições de Física Experimental, era a de amolecer ossos, devido à elevada temperatura no interior do cilindro.

Em 1911, o conjunto formado pelo cilindro e o fogareiro que lhe serve de base foram vendidos, em leilão de triste memória, na sequência do qual o Gabinete de Física se viu privado de magníficas peças da sua colecção. O Professor Mário Silva, no seu importante trabalho de recuperação do Gabinete de Física, localizou esta peça na oficina de um canalizador, onde se encontrava em péssimo estado de conservação, praticamente irreconhecível. Apesar da desconfiança do seu proprietário, o Professor Mário Silva conseguiu readquiri-la, repondo-a junto do que restava da esplendorosa colecção de instrumentos didácticos com que o Gabinete fora fundado.

A marmita de Papin possuía, no Colégio dos Nobres, o número de catálogo 259.

Silva, Mário da, "Um Novo Museu em Coimbra: O Museu Pombalino da Faculdade de Ciências da Universidade", Revista da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, Coimbra, n.º I, Vol. VIII, pp. 129-154.


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