Pistola destinada a estudar a mudança de direcção de uma bala lançada sobre a superfície da água



4,2 x 69 x 7,5
Madeira e ferro

INDEX 1788 : N.II.256

Tubulus ferreus [vulgo pistolla] ligno armatus, qui cochleis aptatur Parallelepipedo ferreo Machinae n.º 152. ut furmus detineatur. Is tubulus ita dirigitur, ut glans plumbea a pulvere pyrio inde explosa ex aquae superficie resiliat ad angulum quinque vel sex graduum. Arca magna lignea 10. pedes longa, ferreis bracteis intus contecta, quae aqua repletur, et inde operitur velamento.

Pequeno tubo de ferro (vulgo "pistola") montado em madeira que é adaptado com parafusos a um paralelepípedo de ferro da Máquina n.º 152, para se manter firme. Este tubo está disposto de modo que uma bala de chumbo daí lançada por pólvora ressalte a partir da superfície da água para um ângulo de 5 ou 6º. Grande arca de madeira com 10 pés de comprimento coberta com folhas de ferro que se enche de água e se cobre com uma gaze.

Destinava-se esta pistola a uma experiência bastante espectacular que mostraria que uma bala lançada sobre a superfície da água se reflecte nela quando o ângulo de inclinação do tiro, medido sobre o horizonte, for muito pequeno, de 5 ou 6º. Se for superior a isso, a bala chega à superfície da água e penetra na massa do líquido mudando de direcção como sucede a um raio de luz quando se refracta.

A arma estava presa a um quadrante graduado, móvel, assente num suporte, e que permitia medir o ângulo da direcção da bala disparada com a vertical por meio de um fio de prumo que pendia do vértice do quadrante.

Na sua obra Leçons de Physique, Nollet descreve a experiência a realizar. A bala era disparada sobre uma tina de água cuja superfície estava coberta por uma gaze estendida numa moldura de madeira. Colocada verticalmente sobre o rebordo da tina, estava outra gaze emoldurada.

A arma, que era carregada com pólvora, disparava uma bala de chumbo que atravessava a gaze vertical, atingia a gaze horizontal, que também atravessava, e penetrava na água, indo chocar contra uma tábua, mergulhada perpendicularmente na tina. Pelo sinal que na tábua deixava ao embater nela, se reconhecia que a bala mudava de direcção ao penetrar no líquido.

Noutra experiência dispara-se a bala com um ângulo de 5 ou 6º contados sobre o horizonte, verifi-cando-se que a bala, ao atingir a superfície da água, se reflecte nela indo atravessar a gaze que está defronte, segundo uma direcção que é simétrica da direcção de incidência em relação à normal.

A arma utilizada em Coimbra era, como diz dalla Bella, um tubo de ferro montado sobre madeira, a que vulgarmente se dá o nome de "pistola". A arma ainda se conserva, mas da tina de madeira, que tinha 3,25 m de comprimento, nada resta.

Esta pistola provém do colégio dos Nobres, onde tinha o número de inventário 246.

Carvalho, Rómulo de, História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1978, pp.418-421.
Nollet, Jean-Antoine, Leçons de Physique Expérimentale, Tom. I, Leçon IV, Pl. 2, Fig. 4 e Pl. 3, Fig. 7.


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