Roda dentada e parafuso sem-fim e cadernal com oito roldanas



157 x 97 x 99
Ferro, marfim, madeira e mármore

67 x 6,8
Aço e latão

  INDEX 1788: D.II.i.146

Parva Machina ferrea constans ex rota dentata et Cochlea sine fine. Haec Machina imponitur basi ligneae, ac adjuncto Polyspasto n.º 135 descriptio, lapidem 512 librarum pondo attollit, adhibita vi admodum exigua.

Pequena máquina de ferro que é composta de uma roda dentada e um parafuso sem-fim. Esta máquina é colocada numa base de madeira e, ligada ao cadernal descrito no número 135, levanta uma pedra de 512 libras de peso, empregando uma força bastante pequena.

INDEX 1788: E.I.135

Polyspaston ex octo orbiculis maioribus aequalibus compositum, qui pixidibus ex chalybe includuntur.

Cadernal composto de oito pequenas rodas iguais que estão encerradas em alças de aço.

Esta máquina é constituída por uma roda dentada de ferro com 42 dentes que é posta em movimento de rotação por um parafuso sem-fim, accionado por uma manivela. O eixo da roda tem 1,6 cm de diâmetro e funciona como sarilho, onde se enrola uma corda. Este sistema está instalado no cimo dum quadripé de madeira em forma de tronco de pirâmide.

Este conjunto tem por finalidade elevar corpos muito pesados à custa de pouco esforço humano.

Uma corda, enrolada no eixo da roda dentada, passa por um cadernal de oito roldanas. Este cadernal é composto de dois carriteis, um fixo e outro móvel: cada um deles consta de quatro roldanas enfiadas duas a duas no mesmo eixo. No conjunto inferior do cadernal está suspensa uma pedra, de grandes dimensões, cujo peso constitui a resistência que se quer vencer.

Observa-se que a razão entre o braço da manivela (8,4 cm) e o raio do eixo da roda (0,8 cm) contribui com o factor multiplicativo de 10,5. Por outro lado, cada volta do parafuso sem-fim corresponde a quatro dentes da roda dentada, o que corresponde a um factor de quatro. Para o cadernal, formado por quatro roldanas móveis, teremos um factor multiplicativo de 8. Assim, o factor multiplicativo total será: 10,5 x 4 x 8 = 336, o que significa que, para manter suspenso um corpo de 336 kgf de peso, deve aplicar-se no extremo da manivela uma força de 1 kgf.

A pedra é um bloco de mármore, com a forma de tronco de pirâmide, de base octogonal e faces alternadamente iguais, possuindo incrustados quatro ganchos de suspensão. Segundo os Documentos de Despesa da Universidade, citados por Rómulo de Carvalho na sua obra História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra, foi construído um carro apropriado para o transporte desta pedra, cujo peso é cerca de 200 kg.

A referida pedra desapareceu da colecção de instrumentos, tendo sido reencontrada, por volta de 1936, numa quinta dos arredores de Coimbra, onde era utilizada como motivo decorativo, tal como relata o Professor Mário Silva numa comunicação intitulada "Um Novo Museu em Coimbra: O Museu Pombalino da Faculdade de Ciências da Universidade", apresentada à Academia das Ciências de Lisboa em Junho de 1938.

A obra de metal foi executada em Portugal conforme atesta a inscrição LIS.C. PIETRA.

No Catálogo dos Instrumentos do Colégio dos Nobres, o quadripé, a roda dentada, o parafuso e a pedra de mármore, tinham o número 137, enquanto os carriteis tinham o número 126.

Carvalho, Rómulo de, História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1978, pp. 256.
Silva, Mário da, "Um Novo Museu em Coimbra: O Museu Pombalino da Faculdade de Ciências da Universidade", Revista da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, N.º I, Vol. VIII, pp. 129-154.


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