Balança santoriana



41 x 38,5 x 113
Madeira e cobre

INDEX 1790 : E.III.115

Statera Sanctoriana Londini inventa.

Balança sanctoriana inventada em Londres.

O adjectivo sanctoriana, empregado no texto do Index Instrumentorum de 1790, refere-se ao notável médico italiano Santorio Santorio (l561-1636), contemporâneo de Galileu, um dos primeiros que se dedicaram ao estudo quantitativo de certos fenómenos biológicos, como, por exemplo, as perdas de peso sofridas pelo organismo humano em diferentes situações, quando está em repouso ou em movimento, enquanto se dorme ou se está acordado, etc. Santorio estudou sistematicamente as variações de peso sofridas pelo seu próprio corpo durante mais de trinta anos, imaginando para isso uma balança em que um dos pratos tinha as dimensões suficientes para o investigador se instalar nele, aí dormir e tomar as suas refeições.

A balança santoriana do Gabinete de Coimbra não serviria para tais experiências, mas corresponderia a um modelo daquela. Como se destinava a suportar, num dos pratos, um peso bastante grande, é crível que por isso o Catálogo de 1878 lhe chamasse "modelo de uma balança para pesar carros carregados".

Consta esta de um pequeno travessão de braços desiguais, móvel em torno de um ponto fixo. Do braço maior está suspenso um prato de cobre; do braço menor suspende-se um longo arame, escondido no interior de uma coluna prismática de madeira, cuja extremidade inferior se liga a um sistema de peças articuladas que constituem o outro prato da balança. Estas peças estão dispostas horizontalmente e ficam também escondidas numa outra caixa de madeira, que faz de base da balança, e cuja tampa se pode levantar. Na coluna existem ainda dois pratos de madeira que se colocam horizontalmente, mas que são móveis em torno de dobradiças, o que permite fazê-los descair.

A coluna, que mede 91 cm de altura, tem, no seu plano superior, além do espaço necessário à passagem do arame ligado ao extremo do braço menor da balança, uma fenda por onde pode correr uma régua de madeira fazendo-a sair da coluna ou enfiar nela por completo. A régua está graduada em pés numa extensão de três dessas unidades. Cada pé está dividido em 12 partes iguais (polegadas) e estas ainda em 8 partes iguais cada uma. Do cimo da régua salienta-se, na horizontal, uma haste de latão, fixa, de 28,5 cm de comprimento. Não se sabe qual fosse o uso da haste nem o da régua.

Como diz o Index impresso, de 1790, a balança é de origem inglesa. Atesta-o a inscrição que apresenta no cimo de uma das faces do suporte: HENRY KETTLE N.º 23 ST PAULS CH-YARD.

Dalla Bella descreve esta balança no número 115 do seu Index impresso. No entanto, a inscrição que nela se lê é E.III.585 (ver último parágrafo da ficha do instrumento 5).

Carvalho, Rómulo de, História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1978, pp. 675-676.


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