Regulador foto-elétrico de Foucault com lanterna


60,5 x 27,5 (diâmetro)
Aço, latão, cobre e ébano

CAT. 1878 : 472

Regulador photo-electrico de Foucault, com sua lanterna.

Um dos inconvenientes dos eléctrodos de carvão, como dispositivos de iluminação artificial, é que estes diminuíam de comprimento como resultado da combustão observada no momento da descarga eléctrica. Este facto fazia com que a distância entre as duas pontas dos eléctrodos aumentasse gradualmente, até que deixava de haver a corrente eléctrica necessária para manter o processo de descargas eléctricas. Este problema foi solucionado em França, na sequência dos trabalhos de Foucault, e em Inglaterra, graças a Staite e Petri, em 1848. Foi nesta época que apareceram os primeiros reguladores de luz eléctrica, ou lâmpadas eléctricas de arco voltaico. Estas possuíam sistemas mecânicos, controlados por um electroíman, que permitiam manter uma distância ideal entre as pontas dos eléctrodos a fim de não interromper o processo de descarga eléctrica.

O desenvolvimento destas lâmpadas aplicadas aos sistemas de iluminação veio alargar consi-deravelmente o domínio de utilização da luz artificial. As excelentes condições de iluminação assim obtidas contribuíram para os primeiros passos da fotografia. Também a história do cinema está fortemente marcada pela presença das lâmpadas de arco voltaico. A utilização destas lâmpadas em candeeiros de iluminação pública comprova a sua utilidade e eficácia; nestes casos, uma só lâmpada oferecia razoáveis condições de iluminação. No entanto, a utilização das lâmpadas de arco voltaico com regulador de Foucault para iluminação de locais públicos tornava-se muito dispendiosa.

O Gabinete de Física de Coimbra possuía na sua colecção de instrumentos, para além de outros, um regulador de Foucault, que está instalado numa lanterna de projecção. A concepção desta lanterna é similar à das lanternas mágicas que eram utilizadas no século XVIII. A única diferença reside na utilização da lâmpada de arco voltaico. As dimensões do sistema permitem que os extremos dos eléctrodos de carvão fiquem localizados na região do foco da lente convergente. No interior da lanterna na face oposta à da lente, existe um espelho côncavo. Este espelho reflecte a luz emitida para a parte posterior da lanterna, através da lente, aumentando consideravelmente a intensidade do feixe de luz que dela emergia.

Na extremidade exterior do tubo que contém a lente, existe um colimador circular do feixe luminoso, que roda em torno do seu eixo central. Este colimador possui vários orifícios de diferentes diâmetros, distribuídos sobre um arco de circunferência, permitindo a escolha de diferentes aberturas para o feixe luminoso.

Na parte superior da caixa da lanterna existem três chaminés de diferentes dimensões. Estas chaminés permitiam o escape dos gases resultantes da combustão do carvão. A chaminé do meio é maior do que as outras duas e apresenta uma janela através da qual se pode instalar ou retirar a lâmpada de arco. Para esta operação, deve abrir-se uma porta existente na parte posterior da caixa da lanterna.

O exemplar do Gabinete de Física data de 1865.

Daguin, Pierre-Adolphe, Traité Élémentaire de Physique, Paris, 1878, Tomo III, n.os 1943, 2347, 2350, 2352 e 2353.


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