Mesa de Ampère



21 x 29,8 x 51,2
Madeira, cobre, latão e bronze

CAT. 1851 : 1. M.III IV

Quatro apparelhos d´Ampere para as experiencias sobre as correntes voltaicas, sendo dois para as correntes circulares e no sentido horisontal, e os outros dois para as correntes dirigidas em differentes sentidos n'um plano vertical. Pertencem a estes apparelhos quatro conductores circulares, formados de laminas de cobre; diversos conductores rectilineos: um conductor circular formado por um fio de cobre; dois cylindros electrodynamicos, e um multiplicador. - Vaõ em M III e M IV.

Foi François Arago quem levou para Paris as notícias relativas às descobertas de Oersted, das quais fora testemunha durante uma visita a Génova. Os membros da Academia das Ciências mostraram-se inicialmente cépticos quanto ao seu relato e apenas ficaram convencidos com a demonstração que realizou no dia 11 de Setembro de 1819. Ampère estava presente durante essa demonstração. Este acontecimento constituiu o ponto de partida para as pesquisas que Ampère viria a realizar, durante as quais iria concluir que uma agulha magnética podia ser usada como um instrumento para detectar uma corrente eléctrica. Nasceu, deste modo, um novo instrumento de medida, designado por galvanómetro, que permitia avaliar as características de uma corrente eléctrica num circuito constituído por um fio e uma pilha voltaica.

Até então, era aceite que o mecanismo da corrente no interior da pilha era distinto do da corrente que fluia ao longo do fio ligado entre os pólos da pilha. Ampère chegou à conclusão que a corrente eléctrica no interior da pilha de Volta era a mesma que no resto do circuito. O magnetismo não era mais do que correntes eléctricas circulares, e esta foi a hipótese que Ampère sempre defendeu até ao fim da sua vida.

Os trabalhos de pesquisa que se seguiram tinham por objectivo mostrar que as correntes eléctricas circulares produziam os mesmos efeitos que os ímans permanentes. Em primeiro lugar, tentou demonstrar-se este efeito recorrendo a um fio de cobre enrolado em hélice. Quando as duas hélices eram postas próximas uma da outra, era possível observar uma atracção entre ambas. Se as extremidades do fio, ligadas à pilha voltaica, fossem comutadas entre si, observava-se que as duas hélices se repeliam.

A hipótese avançada por Ampère de que o magnetismo não era mais do que o efeito produzido por correntes circulares, implicava, no entanto, algumas dificuldades. Como explicar que as correntes circulares fossem permanentes num íman? Seguindo uma sugestão de Fresnel, Ampère admitiu que estas deviam ser observadas nas "moléculas" individuais do magnete. Para testar esta hipótese, Ampère e Arago realizaram, independentemente, algumas experiências.

Arago havia observado que uma agulha de ferro colocada no interior de uma hélice de fio de cobre ficava magnetizada quando os extremos do fio estavam ligados a uma pilha. Este teria sido o primeiro electroíman da história do electromagnetismo. De acordo com a hipótese de Ampère, a corrente circular no circuito constituído pela bobina de cobre e pela pilha havia induzido uma corrente circular na agulha de ferro. Admitiu duas alternativas para as características da corrente: 1ª - a corrente circular seria estabelecida ao longo da agulha de ferro; 2.ª - a corrente circular deveria ter lugar no interior das "moléculas" constituintes da agulha.

A experiência realizada por Ampère, no sentido de decidir sobre as duas alternativas, consistiu em suspender um anel de cobre no interior de uma bobina feita de fio de cobre isolado, de maneira a que o eixo do anel e da bobina ficassem coincidentes. Caso a magnetização observada na agulha usada por Arago resultasse duma corrente circular em torno do seu eixo, então deveria observar-se também a magnetização no anel de cobre, o que significaria a indução de uma corrente circular ao longo deste. Contudo, ao aproximar um íman do anel, Ampère verificou que nenhuma interacção entre ambos era observada. Sendo assim, Ampère foi levado a aceitar como válida a hipótese de que as correntes circulares, das quais resultava o magnetismo na agulha utilizada nas experiências de Arago, eram correntes que se estabeleciam no interior das "moléculas".

Foram inúmeros os instrumentos científicos e didácticos que desde então se desenvolveram, a fim de investigar e de ensinar os fenómenos de interacção entre correntes eléctricas.

O instrumento aqui apresentado é um dos inúmeros instrumentos científicos e didácticos desenvolvidos por Ampère, a fim de pôr em evidência o comportamento de condutores percorridos por correntes.


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