Balança com bacias de prata


94 x 75 x 37
Pau-preto e pau-cetim, ferro e prata

 INDEX 1788 : C.IV.101

Libra ocularis accuratissima, cum duabus lancibus argenteis. Hastae item ex orichalco duae cum Trochleis et stylobata elegantissimo, inserviens demonstrandis Librarum proprietatibus. 

Balança ocular, muito precisa, com dois pratos de prata. Igualmente duas hastes de latão com roldanas e um estilóbato muito elegante; serve para demonstrar as propriedades das balanças. 

Esta é a primeira balança da colecção e é referida no Index como libra ocularis accuratissima. O significado de accuratissima não levanta dúvidas. O significado de ocularis, junto a libra, é que não seria facilmente entendido por intermédio dos dicionários. O nome refere-se a uma abertura existente neste tipo de balanças, através da qual se vê quando é que a extremidade do fiel fica parada defronte de uma ponta fixa, que está sobre ele, o que permite ao observador assegurar-se do estado de equilíbrio da balança.

Trata-se de uma peça muito bonita cujo aspecto actual se deve aos cuidados do Prof. Doutor Mário Silva, que a mandou reparar. A base, de linhas elegantes, é de madeira clara com embutidos de pau-preto e assenta em quatro pés. No tampo, ao centro, tem inscritas as iniciais R C, cujo significado se desconhece e, à esquerda e à direita, dois círculos de madeira branca, pau-cetim, que correspondem aos lugares em que os pratos da balança assentam. Da base eleva-se o suporte de cujo topo se suspende a balança. Na face anterior da base, ao centro, encontra-se um pequeno puxador de madeira branca, que se prende interiormente a um cordão destinado a fazer subir a balança. Estando esta inicialmente em descanso, roda-se um pouco o botão e puxa-se para a frente, manobra esta que faz ascender a suspensão da balança.

Esta bela peça foi executada em Portugal conforme as palavras inscritas no travessão da balança. Na face anterior lê-se REAL FABRICA e na face posterior SCHAPA PETRA. O H do primeiro destes nomes e o E do segundo têm um ponto marcado superiormente, o que quer dizer que o H e o I de SCHIAPA, e o E e o I de Pietra, se fundiram numa letra só.

Segundo os dizeres do Index esta balança servia para demonstrar as propriedades desses instrumentos. O assunto é tratado teoricamente por dalla Bella no Physices Elementa (§§ V a VII), dizendo que as qualidades de uma balança perfeita são três: l.ª ser «mobilíssima», isto é, acusar um peso muito pequeno colocado num dos pratos; 2.ª ter os dois braços do travessão do mesmo comprimento e peso; 3.ª o travessão ser rígido, não se deformando quando se carregam os pratos.

Esta balança provém do Colégio dos Nobres, onde tinha o número de inventário 93.

Carvalho, Rómulo de, História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1978, pp. 241-242.


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