36,4 x 15 x 44
Latão, vidro e madeira

Este aparelho, de inúmeras aplicações em experiências de Electrostática, consta essencialmente de um cilíndro de latão o qual está montado horizontalmente sobre um suporte isolador de vidro, fixo numa base circular de madeira semelhante à do número anterior, e foi também adquirido pelo Gabinete de Física em 1864.

Se, por exemplo, ao longo do cilindro forem suspensos pares de pêndulos, feitos de bolas de medula de sabugueiro, pode obter-se alguma informação sobre a distribuição das cargas eléctricas. Nestas condições, é possível observar que duas bolas que se encontram encostadas quando o cilindro não está sujeito à acção dum corpo electrizado, passam a repelir-se quando o cilindro está electrizado. Por outro lado, a distribuição dos pares de pêndulos ao longo do cilindro permite verificar que a repulsão entre os elementos de um par, quando um corpo electrizado é aproximado do extremo do cilindro, sem o tocar, é mais intensa nos extremos deste, sendo nula na sua zona média.

O modelo dos dois fluidos eléctricos, caracterizados por uma grande subtileza no seu comportamento, serviu, ao longo do tempo, para explicar estes fenómenos. Segundo este modelo, admite-se a existên-cia, nos corpos que se encontram no estado natural, de uma quantidade indefinida de uma matéria subtil, sem peso, que é designada por fluido eléctrico neutro. Este fluido mostra-se algo complexo, sendo interpretado como um corpo formado pela combinação de duas espécies de "moléculas", umas positivas e outras negativas. Quando estas se combinam em igual quantidade, o corpo que as contém apresenta-se no estado neutro. Quando as quantidades são desiguais, o corpo fica carregado positivamente ou negativamente. Segundo este modelo, os dois fluidos podem deslocar-se com grande rapidez através dos corpos condutores, mantendo-se fixos nas substâncias isoladoras.

No caso do cilindro sob a influência de um corpo electrizado, e no contexto deste modelo, poderia afirmar-se que o fluido eléctrico do influenciador atraía para a extremidade que lhe ficava imediatamente próxima as "moléculas" do fluido de sinal contrário, repelindo as do mesmo sinal. A presença destas "moléculas" de fluido eléctrico junto das extremidades do cilindro é indicada pela repulsão das duas bolas de sabugueiro.

O facto de, na zona intermédia, as bolas de sabugueiro se não repelirem explicava-se admitindo que se combinavam iguais quantidades de "moléculas" dos dois tipos de fluidos.