Agulha magnética de declinação



6,2 x 7 x 16,4
Aço, bronze, latão e madeira

INDEX 1788 : M.I.51

Versoria duo chalybea long. poll. 6. et Bases binae rectangulae ligneae: ambae teguntur lamina ex orichalco, cui ferruminatus est stylus aeneus cum cuspide chalybea perpolita.

Duas agulhas de aço com seis polegadas de comprimento e duas bases rectangulares de madeira cobertas com uma folha de latão à qual está colado um estilete de bronze com uma ponta de aço muito polida.

Nos seus estudos sobre o magnetismo, Coulomb avançou com uma hipótese sobre a origem deste fenómeno. No seu modelo admitia, tal como Dufay havia feito para a electricidade, a existência de dois fluidos imponderáveis, aos quais atribuiu o nome de fluidos magnéticos. Estes fluidos, distribuídos simetricamente sobre a agulha magnética, estavam na origem dos pólos negativo e positivo. Cada um destes fluidos, de natureza diferente da dos fluidos eléctricos, possuía igualmente a propriedade de actuar sobre o outro. Os da mesma espécie repeliam-se e os de espécie contrária atraíam-se. De acordo com o modelo proposto por Coulomb, os fluidos magnéticos não podiam existir isoladamente nem manifestar-se sem matéria ponderável.

Apesar de algumas semelhanças no comportamento dos corpos electrizados e das agulhas magnéticas, em termos da força de atracção ou repulsão dos respectivos fluidos, acreditava-se na sua natu-reza distinta, já que, enquanto o fluido eléctrico podia abandonar o corpo onde inicialmente se encontrava, ficando este descarregado, o fluido magnético parecia não o poder fazer. Por outro lado, embora um corpo electricamente carregado possuísse um único tipo de fluido, o mesmo não se passava num corpo no qual se distribuía fluido magnético. Numa agulha magnética, cada um dos fluidos estava sempre presente nas suas extremidades.

Tal como referia Coulomb, se aproximássemos de um íman um pedaço de ferro, este adquiria propriedades magnéticas, podendo atrair um segundo pedaço de ferro. No entanto, se afastássemos estes pedaços de ferro da zona de infuência do íman, verificava-se que nenhuma porção de fluido magnético tinha passado do íman para o ferro, nem de um pedaço de ferro para o outro. Mas se o pedaço de ferro fosse tocado por um corpo electrizado, ficaria, também ele, possuidor de fluido eléctrico da mesma natureza. Esta diferença de comportamento dos fluidos magnéticos e eléctricos fazia crer que os dois tipos de fluidos eram independentes. Para Coulomb, os fluidos magnéticos apenas podiam sofrer deslocamentos infinitamente pequenos, não podendo sair da "molécula" do corpo magnetizado ao qual pertenciam antes da magnetização. Deste modo, Coulomb rejeitou qualquer possibilidade de interacção entre a electricidade e o magnetismo.

De acordo com o Index existiam no Gabinete de Física duas agulhas magnéticas semelhantes, das quais existe ainda uma, apoiada no espigão vertical da respectiva base. A agulha, de aço, é muito bem desenhada e trabalhada; a base é um paralelepípedo de madeira coberto na face superior por uma lâmina de latão. Da outra agulha existe apenas a base, exactamente igual à anterior. A agulha que actualmente nela se apoia é uma cópia fiel da outra e, segundo Rómulo de Carvalho, foi primorosamente executada em 1964 pelo então preparador da secção de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, senhor Francisco Correia Galvão Júnior.

O conjunto era utilizado nas lições referentes ao capítulo que dalla Bella designava por De Magnete e é proveniente do Colégio dos Nobres, onde tinha o número de catálogo 47.


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