Colecção de lâminas de vidro pintadas



25,2 x 61,5 x 16 (caixa) 10,5 x 42,6 (placas)
Vidro pintado, madeira e latão

 INDEX 1788 : Z.II.390

Theca cum 36 laminis vitreis, corona lignea cinctis, plurimis figuris diversimode pictis.

Estojo com 36 lâminas de vidro, rodeadas por uma coroa de madeira, com várias figuras pintadas de modos diversos.

No ano de 1772 o Gabinete de Física dispunha de um conjunto de três magníficas lanternas mágicas, duas das quais ainda figuravam nos inventários de 1878. Infelizmente, nenhuma destas lanternas chegou aos nossos dias. Contudo, o Gabinete de Física possui ainda uma excelente colecção de pinturas em lâminas de vidro, com caixilhos de madeira, guardadas em caixas próprias e destinadas a ser observadas nesse tipo de lanternas.

As pinturas representam homens e mulheres em trajos da época, reis e rainhas, nobres e damas da corte, cavaleiros, monges, figuras populares, músicos ambulantes, soldados em exercício, cenas de guerra, figuras mascaradas, edifícios, liteiras, coches, etc.

Existe outra colecção de lâminas que apresentam a particularidade de algumas possuírem peças móveis, conferindo-lhes uma certa animação. A animação das personagens representadas era conseguida por um movimento de vaivém de uma lâmina móvel relativamente a outra fixa. Pela sua antiguidade e características, podem ser consideradas como magníficos representantes da história do animatógrafo.

's Gravesande, nos Physices Elementa, dá-nos uma informação muito completa sobre a constituição e modo de funcionamento das lanternas mágicas, ou "megalográficas", como então eram designadas, destinadas às projecções das figuras representadas nas lâminas de vidro. Estas lanternas eram constituídas por uma caixa encimada por uma chaminé para permitir a libertação dos gases resultantes da combustão numa lamparina colocada no seu interior. A luz emitida pela lamparina incidia sobre uma lente convergente, instalada num tubo circular. A luz emergente da lente incidia posteriormente sobre a figura pintada na lâmina, a qual era instalada junto da lente num suporte próprio. Noutro tubo, que se podia mover no interior do primeiro, encontrava-se instalado um segundo conjunto de lentes convergentes e um colimador. A focagem de imagens no alvo era conseguida movendo este segundo conjunto de lentes em relação à lâmina de vidro. No interior da caixa, e do lado oposto ao da lente, era colocado um espelho côncavo que reflectia a luz, tornando mais intenso o feixe incidente na figura que se desejava projectar.

Os modelos de "lanternas megalográficas" do século XVIII existentes em Coimbra não seriam exactamente iguais à que é apresentada por 's Gravesande, já que dalla Bella cita como referência, no Index Instrumentorum, uma obra de Christianus Wolff que teria sido usada como modelo na construção das lanternas existentes no Gabinete.

Esta colecção provém do Colégio dos Nobres, onde tinha o número 382. A colecção de lâminas móveis tinha o número 384.

's Gravesande, Willem Jacob, Physices Elementa, Leiden, 1742, Tomo II, § 3432, Tab. CIX.


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